Notas
COVID-19. Com frigoríficos fechados, avicultores acumulam animais por falta de abate
Passo Fundo e Lajeado, no Rio Grande do Sul, sofrem com a falta de definição sobre o funcionamento dos frigoríficos; veja depoimentos.
Por Canal Rural
As últimas semanas foram marcadas pela incerteza em torno do fechamento de frigoríficos no Rio Grande do Sul. As cidade de Lajeado e Passo Fundo sofrem com a paralisação das atividades e produtores lamentam o acúmulo de animais terminados.
Gilmar Rodrigues produz frangos na cidade de Pontão. Segundo ele, o caos está instalado nas granjas. “Os frangos que eram para terem sido abatidos há uma semana continuam por aqui, acumulando prejuízo, perdas e aves morrendo”, disse.
Ele reclama dos gastos que não param, como energia e manutenção da granja. “Temos o compromisso bancário para pagar, o financiamento que logo estará vencendo e não vamos ter lote suficiente para cumprir com as obrigações”.
Segundo ele, são cerca de 400 toneladas de carne que estão deixando de ir para a mesa do consumidor por causa desse impasse.
Enio José Pizzi, presidente da Associação Norte de Avicultores, reforça a preocupação com o que está acontecendo no campo. “Cerca de 310 mil aves são processadas por dia na planta da JBS em passo fundo. São 20 dias de paralisação, isso gera um acúmulo de mais de 6 milhões de aves que não foram processadas. E esses animais estão se acumulando nas granjas”, disse.
Enio acredita que o poder público e as empresas devem se mobilizar para achar uma solução, seja a de enviar os animais para outros abatedouros ou até de sacrificá-las. “Os produtores estão muito preocupados, isso sem falar no impacto socioeconômico”, disse.
O Governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse mais uma vez que o governo, juntamente com o Ministério Público e as empresas estão tentando achar uma saída para essa situação, mas que agora a decisão está nas mãos da Justiça do Trabalho. “ Uma vez em que há a judicialização, o governo estadual deixa de ter um poder administrativo no âmbito, sendo que a decisão deve vir da Justiça”, disse.
O governador, no entanto, disse estar esperançoso de uma resolução satisfatória. “É importante que haja colaboração das empresas, disponibilidade de atender todos requisitos e protocolo e trazer com clareza as informações e processos, e de outro lado a disposição do próprio Ministério Público e judiciário na compreensão disso que, esperamos, esteja acontecendo, que gera a expectativa de que possa haver entendimento nos próximos dias”.
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